A abordagem do câncer de próstata tem mudado radicalmente e de forma muito rápida nos últimos anos. Na parte de imagem a chegada do PET-PSMA trouxe muita informação e melhor seleção para os pacientes com recidiva bioquímica. Neste cenário alguns estudos focaram o tratamento em terapia direta nas metástases, isto é, compreende o uso de radioterapia estereotáxica em todas as lesões em pacientes com recorrência de doença oligometastática, com o intuito de poupar as toxicidades das terapias sistêmicas.

No cenário de doença resistente a castração não metastático os novos agentes hormonais mostraram-se muito ativos, inclusive com ganho de sobrevida global para estes pacientes. Com o advento do PET-PSMA muito se discute se este paciente realmente existe. Estudos avaliando o papel do PET-PSMA nesta população de alto risco demonstrou que 98% deles na verdade tinham alguma lesao visivel no PET-PSMA. Com estes dados novamente vem a discussão se não valeria a pena tentar terapia direcionada a metástases em casos de pacientes oligometastáticos, com o intuito de poupar os pacientes dos efeitos colaterais das medicações.

Esta abordagem não deve ser feita de rotina e precisa ser avaliada em estudos adequados para que seja incorporada. Um estudo interessante que coloca em xeque esta estratégia avaliou 37 pacientes com câncer de próstata não metastáticos resistentes a castração de alto risco e realizou PET-PSMA e PET-FDG em todos eles. O que se viu foi que 24% dos pacientes tinham ao menos uma lesão visível apenas no PET-FDG, não vista no PET-PSMA. Nestes casos, as terapias diretas nas metástases trariam apenas toxicidade aos pacientes e custos desnecessários. É importante lembrar que os pacientes com câncer de próstata tem uma evolução durante a progressão de sua doença e não podemos usar o mesmo racional nas diferentes fases da mesma.

Clin Cancer Res. 2020 Jun 11;clincanres.0587.2020. doi: 10.1158/1078-0432.CCR-20-0587. Online ahead of print.